As cores se repetem, junto com as pessoas

Nesse momento, você deve estar bêbado. Vê tudo lentamente, mas por incrível que pareça, com grande clareza. Vê o que eles dizem, o que pensam, o que sentem.

E eles te magoam. Pois, oras, quando estão alterados, eles dizem aquilo que pensam. E aí, você vê quem são aqueles que realmente se preocupam com você.

Bom. E ninguém se preocupa.

Você nota que não importa o quê você faça, você sempre será a última opção.
A culpa é sua?

Nunca.

 

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Você é evoluído demais. Você está num nível espiritual que eles não estão! Por isso você não fica bravo, ou puto. Você sabe que eles ainda tem um grande caminho a percorrer, até achar o verdadeiro propósito.Dói o que eles falam ?

Com certeza.

Você liga?

Claro, senão não e estaria escrevendo esse e texto. Pois, oras, você ainda está humano, e vocês ainda vivem de aprovação, a droga do século XXI. Mas pense consigo mesmo, lembre do que você disse: ” As pessoas vão te julgar pela resolução da câmera do seu celular, porque não iriam te julgar pelo o que você fala?”

Cara, esqueça as aparências. É necessário mesmo você seguir tudo isso?

Fodam-se eles. Você é foda.

 

 

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A Jornada do Marujo: Poema da Morte

Sentia-me só, mas estava acompanhado
Não me sentia de um jeito certo
A maresia não me deixava enjoado
Talvez seria a terra que não estava perto

No inferno o diabo governa
E o deus dos mares era Netuno
Talvez havia uma luta interna
Para governar esse lado do mundo

Pois coisa divina não podia ser
Ficar tanto tempo à deriva
Muitas milhas haviam de ter
Para o local que nos destina

A sede era grande
A fome enlouquecia
Nosso navio range
Nenhuma esperança havia

Como que por decreto
Uma bruma no horizonte
O capitão incerto
Grita um monte:

Vamos marujos, as velas!
Preparem-se para tudo!
Ergam e ajeitem elas
Lá vem nosso purgo!

Preta como carvão
Forte como o mar
Ela vinha forte então
Para nossas vidas tirar

Netuno nos reivindica
Saliva por nossas almas
Nosso medo estica
Aflorando nossos traumas

O Negro grita à Ogum
O loiro suplica à Thor
Futuro não à algum
Não espero o melhor

A chuva cai forte
O navio treme e vibra
Nós esperamos a morte
Aguentem homens de fibra!

Espumas brancas, ferozes
Gosto salgado do fim
O céu sem albatrozes
Indica o nada, pois sim

Casco está a rachar
Velas estão estufadas
Fogo em alto mar
Vidas eliminadas

A embarcação gira
Minha visão embaça
O vento nos atira
Para nossa desgraça

Água, frio
Morte,dor
Sinto arrepio
Sem calor

Escuridão
Desespero
Alucinação?
Barqueiro?

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I’m so high right now.

Imagine um monte. Um monte muito alto, com nuvens no pico, que você mal consegue enxergar. É muito alto, rarefeito, quase tocando Deus. Demoraria eras e mais eras para alcançar o cume. Pois bem, agora se imagine nesse cume. No topo, no meio das nuvens, olhando para os quatro cantos do mundo e vendo tudo que acontece. Você sabe, foram poucos que atingiram tal estágio, poucos que encontraram o monte, muito poucos os que tentaram escalá-lo e muito menos os que atingiram o topo. Mas você está ali, no topo olhando tudo e todos, vendo todas as pessoas do mundo, mas ao mesmo tempo, mais sozinho do que nunca. Só você e uma imensidão, milhas e milhas do puro nada, somente o ambiente e as engrenagens do mundo. Você está acima e vê todos discutindo coisas banais, coisas frívolas, sendo que esse novo mundo é tão maravilhoso, tão rico e cheio de novidades, incontáveis delas.

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Por que vocês não vêem?!

Por que não olham ao seu redor e acima?!

Por que não querem acolhem esse novo mundo?!

Ficam parados e encarando o vazio cotidiano de vocês, onde a maior novidade, a coisa mais interessante do seu dia é o novo tênis, o novo companheiro do amigo, a fofoca alheia…

A vista daqui de cima é tão linda… Um horizonte de novidades se aproxima e vocês tem tanto medo dele…

Se vocês soubessem.

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O natural é anormal.

Há os anjos e os demônios que nos falam incessantes, sobre a moral e o prazer. Qual devemos seguir? A moral foi inventada por nós. O prazer, está conosco desde o útero. Essa é a resposta. Como pode algo tão divino, prazeroso e natural, ser tão imoral? Algo que está desde de todo o sempre, algo que nosso sistema é biologicamente preparado, ser condenado apenas por nós.

O Deus não deveria se materializar no natural? No físico? Em algo que já nascemos com? Pense! Um livro, ou papiro, ou ainda as autoridades nos dizem para não fazer, porém nosso próprio corpo pede e anseia isso. Não é hipocrisia, confiar tanto em substantivos e deixar nossa psique insatisfeita?

Pois vá! Faça aquilo que tem vontade! Esqueça os limites e padrões pré estabelecidos!

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Efemeridade do fogo!

Amanheceu o dia e eu não sabia

Foi rápido que nem notei

Você chamou meu nome e eu atendi

A noite era fria, mas estávamos quentes

Como gomos de correntes nos encaixamos

Palavras atropelavam palavras, mas era bom

Falamos do universo e de lanches

beijos, bacon, cheiros e amarelos

Metafísica, as pessoas passavam

Parado no tempo contigo, surreal

O ultimo toque e a percepção

Aquilo seria intenso e real mesmo

Durou menos do que a vida de uma mosca.

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EU SOU O SENHOR DAS ESTRELAS

Nasci da fagulha de um todo.

Eu caminho por sóis milhares de vezes mais brilhantes que o seu.

Enquanto mil gerações de vocês morrem, eu dou um piscar de olhos.

Atravesso nebulosas e respiro a poeira das estrelas.

EU SOU O SENHOR DAS ESTRELAS!

Planetas e sóis morrem e renascem novamente, e eu continuo a observar.

Vou e volto no tempo, vejo todo dia o nascer e o fim do universo.

Regozijai-vos!

Sinta minha luz tocando-os, lambendo-os, penetrando-os…

Fazendo parte do seu ser.

EU SOU O SENHOR DAS ESTRELAS

Caminho rumo ao buraco negro.

Provo o horizonte de eventos.

Não adianta me negar, eu estou em tudo. Eu sou tudo.

EU SOU O SENHOR DAS ESTRELAS!

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Cidadão Quem

O teto continuava o mesmo. O mesmo tom de bege, com a textura de grafiato e uma pequena rachadura, ínfima, devia ter um milímetro. Devia se preocupar com isso, mas tinha coisas piores para se preocupar. Não queria se levantar, estava cansado e era uma segunda chuvosa e nublada, típico dia para odiar o mundo. Nos próximos cinco  minutos ele tentou fechar os olhos e morrer, visualizou com toda força possível e imaginável que aquela rachadura abrisse e o teto desabasse em sua cabeça, rapidamente pedaços gigantes cairiam e esmagariam cabeça, pele, ossos, cérebro e alma.

Mas nada aconteceu. Como sempre, aqueles cinco minutos de sono e desejo de morte não funcionaram e o despertador tocou aquele som irritante, estridente, que abalava sua mente e ecoava no seu crânio, um barulho agudo e forte que soava como um sino do inferno, e doía como facadas no seu ânimo. Levantou-se e jogou a coberta no chão, foi arrastando os pés até o banheiro, lentamente, pé ante pé, abriu a porta sanfonada e se pôs defronte ao espelho. Não acendeu a luz, ficou se olhando no escuro, pois ainda eram 5 da manhã, e o sol não havia nascido e as trevas reinavam no ambiente. Pensou muito antes de acender o interruptor, mas por fim adiou o inevitável, apertou a tecla e o ambiente se iluminou, a luz cobrindo o ambiente e ele se viu.

Esse dia estava ruivo.

A pele estava cheia de sardas, e os olhos verdes refletiam mais uma transformação. O cabelo pelo menos era liso, jogado para o lado, uma franja caía em seus olhos, de um forte tom acobreado. Os lábios eram volumosos. “Segunda feira ruivo? Que bosta.” Odiava ser ruivo, era motivo de muitos olhares , meninas hipster que o olhavam e imaginavam nele “o- lenhador-viril-irlandês-que-a-levariam-pra-casa”. Mas era sua maldição, seu encargo. Trocar de rosto todo dia, um rosto belíssimo, sim mas sempre diferente. Não sabia como tudo aquilo havia começado, mas já fazia tempo, desde que se lembrava. Sempre uma cara alternativa, nunca seu velho rosto cheio de marcas de espinhas, cabelo grosso e sobrancelhas grossas. Era horrível, todo dia uma nova história, uma identidade maldita. Quando tinha seu feio cenho, , sempre desejou ter uma bela feição, uma vida melhor e mais interessante, ou uma chance para recomeçar. Ora, que bela justiça poética, hein? O seu desejo se tornou realidade, mas parece que quem escutou  o pedido foi o demônio, alterando e refinando o pedido para ferrar com ele.

O dia começava e sua nova história também, todas as pessoas gostariam de ser belas, de poder mudar sua história, mudar tudo o que não gostavam. E ele tem isso, mas todo dia. Todo fucking dia Ele não podia criar a sua história, não podia criar seus méritos e muito menos pensar no futuro. Efemeridade ao pé da letra, dinamismo escroto de uma vida, a rotina da mudança incontrolável que ele tinha. O bom de tudo isso é que ele não era mais um clichê e vivia um ciclo de interrupções ininterruptas, que mudavam e mudavam ao longo do infinito.

Mas como é infinito se acaba em 24 horas?

-É melhor eu ir trabalhar. – Disse

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Thelema

Eles não me vêem.

Não me sentem.

Fico nas sombras, nada interage comigo. Observo-os em seus movimentos cíclicos, indo e vindo, andando e voltando. Clamando que são diferentes e especias, que são únicos devido ao fato de terem uma tatuagem estúpida com um símbolo estúpido. Eles dizem para os outros que “Essa tatuagem tem um significado especial, é pessoal”. Mas por dentro, gritam “OLHA PRA MIM, COMO SOU DESCOLADO, OLHA, OLHA”. Eles juram ser diferentes daqueles ignorantes que os cercam, mas o pior ignorante é aquele que não sabe disso.

Tolos.

São como um sol num dia frio, encobertos pelas nuvens, pálidos, chatos, só estão ali por imposição do destino, não fariam falta se nunca existissem. Tentam ser engraçados, tentam irritar os outros ignorantes.

Reconheça.

Você é um deles.

Julga todos, mas nunca se julga, pois se o fizer, seu fraco alicerce de sapiência vai desmoronar, e você vai se ver no mundo cinza, no meio de muitos, mais um na manada.

Um simples.

Eu?

Eu sou você, o seu “eu” real. Aquele que você sufoca todos os dias, das 8 ás 23, aquele que você mata apenas para agradar os outros. Aquele seu íntimo, no mais intimo, que só aparece quando sonha, quando está sozinho, acuado e triste.

Estarei sempre aqui.

Vou aparecer quando você se julgar, quando seu alicerce desmoronar, quando tudo estiver por um fio. Aí eu apareço, como o seu real mentor, seu único amigo.

Será o melhor dia da sua vida.

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A incrível efemeridade do eu social.

Sinto-me preso ao mundo inexistente, preso a uma realidade que hoje é mais real do que aquela que habito. Bytes são mais relevantes do que células, e isso me deixa triste. Perdi amores, amizades e fé diante das telas brilhantes que tanto me hipnotizam, tento sair, me distanciar dela, mas a dura verdade é que não há para onde correr. Podia ser tão melhor, tão mais criativo e brilhante… Mas fico preso a essa pseudorealidade.

Porra.

Então, fico pensando no que nos tornamos, não em mim, e sim em vocês. Tentam se diferenciar em roupas, cabelos, tatuagens, acessórios e no fim, são tão parecidos…É triste a obsessão por likes e comentários, sendo que desses um ou dois são das pessoas que realmente importam. As pessoas que estavam lá desde o começo.

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O bule mais importante do universo

Jardins da Casa Branca, 3 da manhã, Washington D.C, EUA. Uma multidão de pessoas aguarda ansiosamente a chegada anunciada a dois dias antes, algo que movimentou o mundo e fez milhares de pessoas entrarem em êxtase, pânico, alegria e/ou desespero. Deus apareceu em pronunciamento mundial. Todas as telas de smartphones, TV’s e computadores apresentaram a imagem de uma forma nebulosa em um trono dourado. disse que responderia perguntas dos terráqueos e que deixava a organização para os seres humanos organizarem o evento.

Pois bem.

Chineses exigiram que fosse feito no maior teatro do mundo, que fica na China. Europeus pediram que fosse no Vaticano, pois lá é onde fica o representante de Deus na Terra. Muçulmanos queriam que fosse na Meca, mas como tudo no mundo, o americanos decidiram que fosse na Casa Branca.

Na hora marcada, uma luz muito brilhante veio descendo do céu e para no palco, se aproxima do trono de ouro e começa a se transformar e ganhar forma… de um bule. sim um bule. Com um headphone.

Falta um headphone, então imagine.

– Bom, estou aqui para, responder as perguntas dos, err… quem mesmo? Ah sim, terráqueos… Vocês tem cinco minutos. Cinco minutos terráqueos, claro, pois se fossem cinco minutos meus, vocês aqui virariam pó.

Mesmo com uma ordem pré estabelecida por sorteio, uma algazarra foi formada. Pessoas levantando a mão, gritando, pedindo o direito de pergunta. Deus estranhou tudo aquilo e escolheu um repórter chinês para a pergunta. Zho Cheng sorriu nervoso e se dirigiu ao púlpito, respirou fundo e perguntou:

– Por que a forma de bule santidade?

-Sério? Essa é a pergunta ? Você tem a oportunidade de me perguntar sobre tantas coisas, e quer saber o porquê da minha forma ? – Disse, irritado. – Assumi essa forma pois se fosse um velho, vocês achariam que eu seria o Deus judeu/cristão, se fosse negro, diriam que sou Alá e que o Jim Carey já me conhecia. Pra evitar a fadiga, escolhi um bule. Próxima pergunta !

-Qual a teoria está certa, a da evolução ou criação? – Perguntou uma autoridade inglesa.

-Teoria? Só um momento – Deus ficou em silêncio uns instantes e respondeu – Ah sim, bom eu não fui responsável direto, eu digamos “terceirizei” o serviço. Ô Javash, qual o método utilizado pra esse planeta aqui ? Ah sim, ok. Bom, nós utilizamos as duas técnicas. Próxima pergunta !

– Mas Senhor como… – repetiu o inglês.

-Três minutos !

-Para onde vamos depois de morrer? – Perguntou um brasileiro.

-Isso eu não posso contar, é algo que vocês só podem saber depois de morrer. É  algo inerente a toda criação e desenvolvimento de vocês como seres racionais. Próxima.

-Qual o sentido da vida ? Por que estamos aqui?- Disse o Paquistanês.

– E por que vocês precisam de um sentido ? – Deus disse irritado – Vocês tem um planeta pra cuidar e ficam se preocupando com algo que já foi explicado desde o começo, mas praticar é diferente não é ? Vocês são estranhos nesse sentido, acham que só o fato de existitirem merece uma explicação. Qual o motivo disso? Vocês já sabem qual o sentido, não sou eu que devo explicar. Achem sozinhos.

– Mas Senhor, existem no mínimo uns 1500 sentidos pra vida… – Retrucou o paquistanês.

-Acho que vocês são os seres mais carentes do universo. Me pedem ajuda pra passar em um teste de matemática, enquanto isso, a 500 anos luz daqui, uma galáxia está sendo destruída por um buraco negro em expansão, mas nenhum dos 3 trilhões de seres que moram pedem uma intervenção divina. Aprendam: Eu já fiz minha parte por vocês, não iria ficar aqui eternamente, só lhes dei o dom da vida, agora se virem. Destruam-se ou amem-se, é de vocês a escolha. Já tentei fazer vocês lutarem, se amarem, já destruí, já criei e agora é com vocês. Acreditem no seu potencial, e façam um favor. Me esqueçam! Não precisam me amar tanto e sim amar uns aos outros. Boa noite.

O bule ascendeu aos céus, e nunca mais foi visto.

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